Parecia que o ouro dificilmente poderia nos surpreender novamente, a não ser com uma alta explosiva repentina. No entanto, o metal ainda tem alguns truques na manga: está se tornando digital. Normalmente, esse termo é usado para descrever o Bitcoin, mas a primeira criptomoeda não tem relação direta com isso. Alguns grandes players começaram a digitalizar o ouro físico, e essa nova experiência vem se mostrando reveladora.
No início desta semana, o ouro teve uma leve queda, atingindo US$ 3.635 por onça, com atividade de mercado reduzida, à espera da reunião do Fed. Na terça-feira, 16 de setembro, o metal era negociado a US$ 3.693 por onça. Analistas apontam que o viés fundamental geral continua favorável aos compradores.
Na segunda-feira, 15 de setembro, os contratos futuros de dezembro do ouro na bolsa Comex atingiram uma máxima histórica de US$ 3.722,40 por onça. A demanda pelo metal aumentou significativamente, impulsionada pela fraqueza do dólar e pela queda nos rendimentos dos títulos do Tesouro americano.
Desde o início do ano, o ouro se valorizou quase 35%, após uma alta de 27% em 2024. Esse movimento foi impulsionado principalmente por compras de bancos centrais, políticas monetárias expansionistas e a constante incerteza geopolítica e econômica.
Dados macroeconômicos fracos dos EUA indicam um esfriamento do mercado de trabalho, com queda nas vagas e aumento do desemprego, aumentando a pressão sobre o dólar. Nesse contexto, cresce a expectativa de que o Federal Reserve corte as taxas de juros em sua próxima reunião, na quarta-feira, 17 de setembro, algo não feito nos últimos nove meses. Os mercados já precificam com 100% de certeza um corte de 25 pontos-base, e especialistas acreditam que o Fed pode reduzir as taxas três vezes até o final de 2025. Essa perspectiva pressiona os rendimentos dos Treasuries e enfraquece o dólar, aumentando o apelo do ouro.
Ao mesmo tempo, os riscos geopolíticos — tensões no Oriente Médio e crises políticas no Japão e na França — estimulam os investidores a buscar "portos seguros", reforçando a demanda pelo metal. Segundo o Conselho Mundial do Ouro (WGC), as compras de ouro pelos bancos centrais neste ano podem atingir o recorde do ano passado, de 1.000 toneladas.
No cenário atual, grandes bancos de investimento revisaram para cima suas projeções para o ouro. Estrategistas do UBS elevaram sua meta para US$ 3.800 por onça até o final de 2025, enquanto analistas do Goldman Sachs projetam US$ 4.000 no médio prazo.
Com o dólar sob pressão e o Fed prestes a afrouxar a política monetária, o ouro tem grandes chances de continuar a tendência de alta. Embora uma correção seja possível, a tendência geral permanece altista, e qualquer recuo é visto como oportunidade de compra, considerando a possibilidade de o metal novamente atingir máximas históricas acima de US$ 3.700–3.800 por onça.
O ouro permanece em níveis recordes porque os traders esperam flexibilização da política monetária do Fed. O mercado já precifica um corte de 0,25 ponto percentual, diante da fraqueza do mercado de trabalho nos EUA. A probabilidade de corte em setembro é de 96,1% para 25 bps, enquanto um corte de 50 bps é de apenas 3,9%.
A queda nos rendimentos dos Treasuries dos EUA e o enfraquecimento do dólar estão tornando o ouro mais atraente para os investidores. Desde o início de 2025, o metal precioso já subiu quase 40%, superando recordes ajustados pela inflação.
Ouro digitalizado: impulso à inovação
No início de setembro, o Conselho Mundial do Ouro (WGC) lançou um projeto-piloto para tokenizar o ouro. A iniciativa tem como objetivo expandir o comércio OTC do metal e seu uso como garantia nos mercados financeiros. Ao analisar os aspectos técnicos e jurídicos dessa proposta — que pode transformar significativamente o mercado de metais preciosos — especialistas destacam algumas características principais:
No entanto, o ouro tokenizado (conhecido como PGI – Pooled Gold Interests) apresenta várias vantagens:
O roteiro para o PGI inclui:
O WGC acredita que os primeiros participantes poderão contribuir para estabelecer as bases, o sistema de governança e as regras operacionais do ouro tokenizado.
No entanto, alguns especialistas permanecem céticos, argumentando que o projeto pode enfrentar resistência, já que os principais participantes do mercado de ouro tendem a ser conservadores e extremamente cautelosos. Um dos desafios mais relevantes está no aspecto jurídico: reconhecer automaticamente o PGI como ativo colateral simplificado pode ser complexo em várias jurisdições.
Um fator positivo que apoia a tokenização é o programa Gold Bar Integrity (GBI), lançado pela LBMA em parceria com o WGC. Esse programa rastreia toda a cadeia de suprimentos do ouro e cria passaportes digitais para as barras do metal.
Outras tendências favoráveis incluem:
S&P 500 atinge máxima histórica e rompe os 6.600 pontos
Segundo analistas, os futuros do S&P 500 permaneceram praticamente estáveis após o Senado dos EUA confirmar Stephen Miran como novo membro do Conselho de Governadores do Federal Reserve. A confirmação ocorreu apenas um dia antes da reunião de política monetária do Fed, na qual se espera a discussão sobre cortes nas taxas de juros.
Na noite de segunda-feira, 15 de setembro, Wall Street celebrou um grande rali: tanto o S&P 500 quanto o Nasdaq Composite atingiram novas máximas históricas. O S&P 500 ultrapassou a marca de 6.600 pontos pela primeira vez, um marco histórico. O rali foi impulsionado pelo forte desempenho de grandes empresas de tecnologia, incluindo Alphabet, que subiu mais de 4%, e Tesla, com alta superior a 3%.
O índice japonês Nikkei 225 também quebrou recordes, ultrapassando os 45.000 pontos pela primeira vez, contribuindo para um rali mais amplo nos mercados da região Ásia-Pacífico (APAC). Os investidores reagiram positivamente às recentes negociações EUA-China, consideradas relativamente construtivas.
O principal foco dos mercados globais segue sendo a decisão de juros do Federal Reserve, agendada para quarta-feira, 17 de setembro. Segundo os futuros dos Fed funds, a probabilidade de um corte de 25 pontos-base é de 100%, um consenso extraordinário. Espera-se ainda que os traders acompanhem atentamente a coletiva do presidente do Fed, Jerome Powell, em busca de sinais sobre a direção futura da política monetária dos EUA.
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