Como esperado, o Banco do Japão não realizou alterações em sua política monetária durante a reunião encerrada em 30 de outubro, levando à desvalorização do iene frente ao dólar.

As justificativas para essa postura inalterada foram as mesmas de antes, a incerteza na economia dos Estados Unidos devido à escassez de dados causada pelo fechamento do governo, além das dificuldades na avaliação das negociações salariais. Embora esses fatores já estivessem amplamente precificados pelo mercado, a verdadeira razão para a pausa nos aumentos de taxa, especialmente diante do avanço perceptível da inflação em outubro, parece ser mais complexa.

O governador do Banco do Japão, Kazuo Ueda, aparentemente precisa de mais tempo para alinhar a política monetária à posição do governo da primeira-ministra Sanae Takaichi, e o Banco parece ter ficado sem margem para ajustes imediatos. Durante a coletiva de imprensa, Ueda não forneceu orientações sobre possíveis ações futuras, evitando comentários diretos sobre a postura de Takaichi em relação à política monetária ou sobre o cronograma de um eventual encontro entre ambos. Ele se limitou a ressaltar a importância de manter um diálogo estreito entre o banco central e o governo.

O mercado interpretou as declarações de Ueda como dovish, o que levou naturalmente à queda da taxa de câmbio do iene em relação ao dólar.

Agora, as expectativas em relação à taxa de juros se deslocam para dezembro, restando tempo para alinhar as posições do BoJ e do governo. A economia demonstra resiliência: a produção industrial manteve-se em níveis elevados em setembro, apesar das tarifas mais altas impostas pelos Estados Unidos, enquanto a inflação voltou a acelerar e exige uma resposta política.

O índice nacional de preços ao consumidor subiu de 2,7% para 2,9% em setembro na comparação anual, e o índice núcleo, que exclui os preços dos alimentos, também apresentou avanço. Logo após a reunião do BoJ, foram divulgados os dados de inflação da região de Tóquio referentes a outubro, mostrando um aumento ainda mais expressivo, de 2,5% para 2,8% ao ano, com todos os indicadores, tanto o básico quanto o núcleo, em alta.

O preço estimado na ausência dos dados da CFTC aponta para uma tendência de queda, embora esse indicador deva ser interpretado com cautela, já que se baseia em informações incompletas. Ainda assim, pode-se supor que não há fundamentos sólidos para uma rápida valorização do USD/JPY, e que a alta observada em outubro se aproxima de uma correção natural.

Uma semana antes, observamos que o BoJ poderia adiar o aumento das taxas, enquanto a Reserva Federal poderia ajustar seu cronograma de corte de taxas, o que poderia levar a um enfraquecimento do iene. Foi exatamente isso que aconteceu, e o iene atingiu uma forte resistência técnica em 154,00/20, que ainda não conseguiu romper.

Se o crescimento continuar, o iene poderá enfraquecer até 158,80, já que não há resistências significativas até esse nível. No entanto, esse cenário parece menos provável do que uma queda para a zona de suporte de 150,80/151,20, já que o Japão parece incapaz de evitar um maior crescimento inflacionário. Se o BoJ continuar com sua política de esperar para ver, a confiança do mercado em um aumento das taxas em dezembro se fortalecerá nos próximos dias.